sábado, 22 de fevereiro de 2020

Ofdrykkja - I Skuggan av Mig Själv [vídeo-legenda PT-BR]



Esta música havia sido legendada há alguns anos e o vídeo estava hospedado no canal Depressedy. Infelizmente, devido às novas regras e diretrizes do youtube, o vídeo foi removido por, segundo o site, possuir conteúdo nocivo e perigoso. Não haviam cenas no vídeo, apenas imagens para criar uma certa dinâmica conforme a letra da música fosse aparecendo. De todo modo, ele foi excluído. E, infelizmente, alguns dias depois mais vídeos foram removidos e culminou com a remoção permanente do próprio canal. Então, disponho aqui, novamente, esta música legendada em um novo vídeo, neste há cenas dos membros da banda, antes do lançamento do primeiro álbum. São cenas de gravações caseiras e pessoais, onde os 3 membros: Pessimisten, Drabbad e The Associate (Bödeln não estava presente pois se encontrava hospitalizado, mas já havia gravado todas as suas partes de bateria no álbum) estão consumindo álcool, fazendo uso de Diamorfina e se automutilando. Pessimisten se corta, severamente, e seu sangue flui em grande quantidade. Este mesmo local, sua residência, foi o cenário para a fotografia que ilustra a capa do álbum A Life Worth Losing. De frente à entrada de seu quarto, ele registra uma fotografia onde é possível ver parte de sua cama com manchas de sangue bem como o chão marcado pelo mesmo fluído. 
A banda Ofdrykkja foi formada em Västerås, Suécia, no ano de 2012. Com Drabbad na guitarra e vocais de apoio e Pessimisten nos vocais principais. Algum tempo depois, The Associate e Bödeln se juntaram a ela, o primeiro na posição de pianista e o segundo como baterista. Ofdrykkja significa "beber em excesso", na língua nórdica arcaica e explica muito bem o tema das letras e o quanto, as experiências pessoais dos membros, influem na banda. A temática envolve, principalmente, drogas lícitas e ilícitas - como válvulas de escape da dura realidade -, bem como overdose por medicamentos psiquiátricos, bebida alcoólica, desolação, misantropia e solidão em meio à vida urbana. As letras demonstram quanto o indivíduo busca por algo que amenize suas dores mentais e físicas, o seu vazio existencial ou, mesmo, uma maneira fugaz de sair da realidade, ainda que, seja uma opção momentânea.
Drabbad iniciou contato com Pessimisten e logo começaram a trocar conversas. Drabbad havia saído da banda Lepra, há pouco tempo, e Pessimisten havia sido membro da banda Apati até seu encerramento. Nesta banda ele era conhecido como C9H13N. Após a morte de seu amigo e parceiro de banda Obehag, ele com os demais integrantes resolveram encerrar a Apati. Ofdrykkja, apesar das fortes influências do Black Metal sempre citadas pelos membros, tem uma sonoridade que se enquadra ao Depressive Rock/Narcotic Metal, com melodias melancólicas, depressivas, tristes e que falam da dor de viver e quão necessário é, às vezes, optar por meios de se desligar, momentaneamente, da realidade. A fala é usada em algumas músicas, bem como os vocais limpos, mas são os vocais chorosos que trazem uma tristeza ímpar às canções da banda. Canções essas que são compostas com os sentimentos mais sinceros possíveis.
A Life Worth Losing foi lançado em abril de 2014, pelo selo musical Temple of Death Productions, e limitado a 50 cópias em K-7. I Skuggan av Mig Själv, que trago legendada neste vídeo, é a 3ª faixa do álbum. Ela traz uma profunda e triste melodia de guitarra que percorre a música toda. Esse efeito usado na guitarra solo marca a maioria das músicas deste álbum e gera algo bastante singular à banda, sendo uma marca da mesma. Os vocais, que combinam gritos ofegantes que beiram o choro com os de dor e desolação, são outra característica encontrada neste material. A letra é um desabafo de alguém que não se enxerga mais como ser humano. O cansaço, de seguir sobrevivendo com uma ansiedade massacrante, o consome sem pausa. Quanto mais se tenta sair desse abismo, mais energia é perdida nessas tentativas de lutar contra uma dor que ultrapassa a própria carne. Tudo passa a causar incomodo. Um misto de angústia com ódio se fundem. Ódio por acordar todos os dias, por estar paralisado na própria dor, por olhar a sua volta e não enxergar ninguém, nada em que possa se apoiar. E, esse ódio, como alimento denso, pesa mais e mais a cada dia. O indivíduo tenta sair, andar por aí, sem rumo, sem destino mas, tudo acaba por piorar sua sanidade. Até mesmo as folhas, que são levantadas do chão pelo vento frio do outono, geram uma sensação terrível e alimentam suas já demasiadas paranoias. Mais temores se somam aos seus mais obscuros medos. Ao caminhar em meio à multidão, seu ódio se torna ainda mais agressivo. O mundo é um tormento. As pessoas são uma escória nadando em seu próprio egoísmo. Ele olha para elas com uma face deformada em raiva, aversão, ódio e, deseja profundamente, que alguma delas olhe para ele com desdém para que, assim, ele tenha um gatilho, um motivo, um estopim para explodir em fúria e atacar esta pessoa. Ele não mede as consequências, não pensa que alguma dessas pessoas poderia revidar e o machuca-lo, antes dele a machucar, porque, na verdade, nada mais importa. Sua integridade física não tem qualquer importância, ele já está destruído de dentro para fora. A exaustão física e mental chegam ao limite. Ao retornar para sua casa, o único lugar que ainda o priva do mundo, ele reflete quão sufocante seus dias se tornaram. Ele não se percebe como um humano, ao olhar para si só pode ver uma figura inumana, um monstro, um fantasma, uma aberração, deformada em angústias, temores e auto-ódio. Por dentro, o frio o petrifica, o imobiliza. Não há mais emoções que possam aquecer. Não há mais paixões. Ele não consegue gostar de coisa alguma, não consegue direcionar qualquer sentimento de afeto por alguém. A ansiedade desfigurou sua face, seus sentimentos, suas paixões. Isso tudo o maltrata, o faz se sentir como um zumbi, um morto-vivo. Imerso em pensamentos destrutivos, ele alcança sua mochila e encontra uma garrafa de vinho, numa última esperança de se aquecer, perante o frio da solidão, toma alguns goles da bebida e, tomado pela mais cruel constatação, conclui dizendo a si mesmo que aquilo será o mais próximo do amor que ele poderá sentir.

3 comentários:

  1. Ótimo texto
    Uma pena o q aconteceu com o canal mas seguirei esse blog agora pra acompanhar os textos e vídeos

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  2. Muito bom a explicação e a letra. Você poderia recuperar o vídeo do thy light the bridge?

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