sábado, 29 de julho de 2023

Autópsia Lírica II

 


Dysmorphophobia é uma canção da banda italiana Dreariness. A letra explora o tema da dismorfia corporal, uma condição de saúde mental em que o indivíduo tem pensamentos obsessivos e preocupações sobre sua aparência, frequentemente percebendo falhas que não são visíveis ou são insignificantes para os outros. Na letra, o indivíduo retratado é uma mulher, jovem, e que está lutando com essa condição, retratando suas emoções intensas e a percepção distorcida de si mesma. Os primeiros versos, "Eu injeto mais uma vez esse oceano em minhas veias", expressa metaforicamente o ato de se injetar com pensamentos negativos e autocríticos que a consome. A referência a um "oceano" sugere a natureza dominante desses pensamentos. A linha "Duas garras arranham minha garganta e me deixam em feroz desespero" expressa a agonia interna da jovem, as "garras arranhando sua garganta" simbolizam os pensamentos autodestrutivos afiados e dolorosos que causam danos físicos e emocionais. Essa dor é intensificada com a imagem de sangue e desespero. A linha seguinte, "Uma canção de ninar me leva à loucura" transmite a natureza cíclica da condição, onde a jovem encontra um estranho conforto, ou uma certa familiaridade, na sua percepção distorcida de si mesma. A menção de ossos se transformando em pó representa o desmoronamento e deterioração de sua autoimagem. Conforme a música avança, as emoções da jovem se intensificam. O desejo de salvar a pessoa presa dentro do espelho mostra seu anseio por escapar das limitações de sua própria mente. Os pedidos repetidos por cura e injeção de felicidade destacam seu anseio por alívio de seus pensamentos dismorfóbicos. "O espelho se quebra, ela está morta/Sua imagem lá/Ela está morta!", a quebra do espelho e a declaração da morte da pessoa significam a morte simbólica da imagem distorcida que ela havia criado de si mesma. Isso pode representar um ponto de virada na música, sugerindo uma possível ruptura da dismorfia ou uma constatação de que sua autopercepção não é a realidade. A frase repetida "Tudo queima instantaneamente, tudo se desmorfa" enfatiza a angústia e o caos vivenciados pela jovem. Reflete a luta constante que ela enfrenta, já que sua percepção distorcida distorce sua realidade, queimando qualquer imagem positiva de si mesma. No geral, Dysmorphophobia oferece uma exploração sombria e introspectiva do tormento emocional e psicológico causado pela dismorfia corporal. Lança luz sobre a batalha interna enfrentada por todas as pessoas que vivenciam essa condição, destacando o apelo desesperado por cura e libertação da percepção distorcida de si mesmas.

O Fantasma de um Rancoroso Passado é uma canção da banda brasileira de Lamúria Abissal. A letra transmiti uma história de intensa raiva e ressentimento em relação a alguém do passado. E retrata o retorno dessa pessoa, causando desconforto e até mesmo dor física ("Sua presença já me range os ossos") ao indivíduo. Ele expressa sua raiva avassaladora e a dificuldade de lidar com essa pessoa cuja pesou-lhe mágoas no passado e que segue ressoando no presente. A música destaca noites sem dormir cheias de desabafos e tentativas condenadas de recomeçar, caindo em um ciclo destrutivo. Os dias são descritos como cheios de dor, remorso e constrangimento devido à presença persistente dessa pessoa. O trecho "Ó odioso ser de minha convivência/O fantasma clamante por voltar a estar vivo/Reviver o ódio, o amado sentimento retroativo" expressa como o indivíduo se sente em relação à pessoa que lhe conferiu mal, e que sua volta só vai remoê-lo ainda mais em um ódio imensurável. O retorno das emoções desprezadas, dos sentimentos sufocados e da passagem monótona dos dias presos nessa dança de dor em que eles repetidamente se envolveram, é trazido cruamente à tona, outra vez. A linha "Um dia fora algo, foi tudo, meu mundo/Agora não pode ser nada, tem que ser menos, esquecer tudo" explora um passado em que essa pessoa tinha importância, mas agora ela deve ser esquecida e descartada como nada. O indivíduo lista tudo aquilo que ela fez a ele, "Você me fez chorar/Me fez parar/Parar de falar/Você me fez gritar/Me aquietar". E reforça na linha seguinte, que sua volta, ainda que se mostre arrependida, não terá resultado algum senão o fim, desta vez, de uma vez por todas. "Você escapuliu de meus dedos, de escolhas que você fez/De coisas que você disse/De coisas que você fez e agora chora por eu ter chorado". E no trecho seguinte "Encho seu tumulo com minhas lágrimas e a muito custo/Te sepulto em meu desdém" o indivíduo afirma que, ainda com alguma relutância, enterra finalmente, e metaforicamente, este fantasma do presente manchado pelos resquícios de um passado amargo em um cemitério, enfatizando que não há chance de seu retorno. Nas próximas linhas há uma mudança de tom. "O vento que sopra agora em meu rosto/Limpando as lágrimas/Varrendo o cansaço/Secando minha feição, tão morta e exausta/De coisas que você disse, de coisas que você fez". O vento simboliza uma força purificadora, limpando as lágrimas, dissipando o cansaço e restaurando uma aparência morta e exausta. "A memória mais bonita, foi ter ido embora e deixar você morrer". As memórias do que essa pessoa disse e fez, embora antes significativas, agora são vistas como uma bela lembrança apenas porque ela partiu. "O perpetuar de sua morte, seria mais intenso te vendo me matar/Pelo amor que te dei, respondido com memórias de desdém". Ele deseja que a ausência da pessoa continue de forma perpétua, ainda que isso signifique testemunhar sua própria ruína. No geral, O Fantasma de um Rancoroso Passado mergulha nas complexas emoções de raiva, ressentimento e um árduo desejo de encerramento definitivo daquilo que se iniciou no passado. Destaca como muitos relacionamentos se baseiam em um amor dado por uma das partes, mas, que sendo correspondido com indiferença, se transforma em memórias de desprezo que se estendem por anos a fio. 

Transtorno Depressivo Maior é uma canção da banda brasileira Funesto. Ela explora um transtorno mental caracterizado pela redução drástica das emoções de alegria, bem-estar e prazer. Comumente chamado de depressão, o Transtorno Depressivo Maior é um transtorno mental que afeta as áreas cognitivas, fisiológicas e comportamentais da pessoa. É marcado pela baixa autoestima, pela perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas, pela pouca energia e fadiga constante, dores físicas sem uma causa aparente, desânimo persistente, sentimentos de inutilidade, vazio, culpa ou/e irritabilidade. Ainda, reduz a capacidade de pensar, de se concentrar, memorizar ou de tomar decisões. Ocorrem alterações do sono (mais frequentemente insônia, podendo ocorrer também sonolência excessiva ou sono interrompido), alterações do apetite (mais comumente perda do apetite, podendo ocorrer também aumento do apetite). Somando-se ainda o retraimento social (isolamento social), chorar mais e com maior frequência, lentidão física generalizada, ou agitação psicomotora. Entre as consequências graves, há ocorrência de comportamentos autodestrutivos (autoagressão), pensamentos suicidas e tentativas propriamente ditas de suicídio. A letra evidencia o peso que o indivíduo carrega, a luta que trava diante desse inimigo que está em sua própria mente. "E nesse abismo de sofrimento/O suicídio não sai da minha mente/Por que?" é uma constatação que o indivíduo faz, e também uma indagação dosada em dor e revolta. Transmite um sentimento de desespero e um desejo de libertação das lutas da vida. O indivíduo tem pensamentos recorrentes sobre a morte. "Corda em volta do meu pescoço, o que me resta?", o questionamento da situação em que se encontra é constante, e enfatiza também que ele está só, em isolamento, está apenas consigo mesmo e mais ninguém. A ideia de findar com sua dor é a única coisa que paira em sua mente. Ele retrata seu estado mental e sua disposição para tomar medidas extremas pois já está em seu limite. "Eu não aguento mais essa dor/Me deixe morrer/Eu quero morrer" sugere a deterioração da condição mental e física do indivíduo. Ele se sente esgotado, exausto da luta constante e pronto para sucumbir ao seu destino. Clama a si mesmo para que não haja qualquer relutância, apenas que se deixe morrer. No geral, Transtorno Depressivo Maior retrata os temas de desesperança, desespero e pensamentos de suicídio presentes na depressão. Apresenta um vislumbre da mentalidade de alguém que considera o suicídio, lançando luz sobre a turbulência interna e o impacto que tal decisão tem sobre o próprio indivíduo exausto fisica e mentalmente.

When Your Mind Is A Prison é uma canção da banda brasileira Neural Oestridae. A letra explora temas como encarceramento mental, desesperança, resignação e vestígios niilistas.  Ela começa com o indivíduo constatando duramente que não há mais esperanças pois ele se encontra preso dentro de si mesmo. "Não há refúgio, quando sua mente é a prisão/Não há esperança quando você já está morto por dentro/Você tenta, e tenta/Mas é sempre em vão". A luta a qual ele percorreu por muito tempo, não resultou em nada. Se sentir morto por dentro é uma maneira de dizer que não há mais a chama da vida, alegrias e prazeres. Tudo definhou e se apagou. As suas tentativas de prosseguir e tentar reviver algo de bom em si mesmo, foram em vão.  No decorrer da música ele expressa que sua dor cresce ainda mais por perceber as mentiras que arrastou durante sua vida toda. "Você alimenta aquelas pequenas faíscas de felicidade/Mas elas sempre se vão/Uma vida inteira baseada em mentiras". O indivíduo passou sua vida injetando mentiras e ideias de que a vida fosse melhorar, numa tentativa de acreditar realmente naquilo, mas, a dureza da existência só mostrou que aquilo era uma tolice, um crime que cometeu contra si mesmo. Há uma mágoa muito grande gerada, e contra si mesmo, por se iludir completamente. A linha seguinte "Uma existência que deveria ser extinguida/Confrontar sua existência, quando sua mente é uma cadeia de pensamentos negativos" destaca que ele tentou fazer uma autorreflexão, olhar dentro de sua própria escuridão, confrontá-la, mas, as respostas só poderiam ser duras e carregadas de negatividade pois é tudo o que há dentro de si. No decorrer das próximas linhas ele, então, chega ao ápice. "Saber a verdade sobre si é algo, no mínimo, assustador/Ainda mais quando a verdade, a inevitável verdade.../É que você se odeia". Confrontar a si mesmo, retirar todo o véu que o impedia de enxergar o seu próprio eu, ou até mesmo intencionalmente ele evitava de ver embaixo, o leva a uma dura confirmação: a de que ele se odeia. A dor que o tempo impôs, deixando-o sem qualquer propósito, serviu como uma armadura por um tempo. O privou de se auto desprezar. Ele vestia uma roupagem em que, em meio à dor, podia se alimentar com alguma chance de alívio. Isso se manteve por algum tempo. Mas, no dia em que confrontou a si próprio enxergou que, na verdade, abaixo da dor havia uma base sólida de auto-ódio. A linha segue enfatizando que ele odeia tudo porque nada gera algum significado para ele. "Odeia tudo pois nada tem valor para você/Você não ama, mas finge amar/Pois isso é um sentimento humano, mas é patético...". O amor, um sentimento tido como puro, nada mais é do que algo imposto pelo coletivo, fazendo com que as pessoas digam que amam umas às outras, meramente, por hábito. O próprio amor foi uma máscara por cima do auto-ódio que ele finalmente enxergou. Sua vida foi baseada em mentiras e falsas emoções e sentimentos. No geral, When Your Mind Is A Prison destaca em como um indivíduo pode ficar enclausurado por muito tempo devido aos seus próprios mecanismos internos para que não enxergue a verdade. Mas, uma vez exausto de tentar aliviar sua dor, ele olha para dentro de si e enxerga o real motivo de tanto infortúnio, ele mesmo se odeia. E esse sentimento cria um ciclo de autodestruição, onde falsas emoções entram em jogo para tentar mascarar as reais e cruas emoções. Confrontar a si remonta algo proferido pelo filósofo niilista Friedrich Nietzsche, de que quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você. E, obviamente, esse olhar é sempre aterrorizante pois sujeita o indivíduo a ficar diante de seu Eu cru, real e incivilizado.

Vazio é uma canção da banda brasileira Alivium. A letra explora a fadiga mental, a desesperança e apatia. As linhas iniciais expõem o cansaço do indivíduo, aqui expresso como uma jovem. "A vontade de permanecer nesse quarto/Dia após dia /Se tornou maior...". Ela desabafa em como suas vontades se fecham a uma só, a de permanecer em seu quarto, isolada, longe de tudo e de todos. A cada dia que passa esse é o único desejo que cresce. O trecho "E a cada dia de minha agonia é um dia a menos" simboliza sua enorme desesperança. Ela tenta se agarrar ao fato de que a cada dia que se passa, também traz a morte mais para perto. Um dia a mais, na verdade, se torna um dia a menos de vida. Sua agonia é um fardo do qual ela anseia desesperadamente pelo fim, ainda que o fim dessa agonia seja também o seu próprio fim. A letra avança chegando à apatia. A jovem está tão imersa em sua agonia, afogando-se dentro de si, que nada mais externamente a faz reagir. Há uma inércia que a petrifica. "As luzes acesas já não refletem em mim" simboliza a total escuridão interior que a acomete. Alegrias e prazeres foram consumidos por essa escuridão e nada mais resulta em estímulos para que ela possa ter algo positivo ou se sentir melhor. Ao final ela demonstra sua aceitação perante a esta escuridão que a abraça friamente, "Mergulhada em tristeza e solidão/A vontade de ir embora/Já não importa.../Estou entregue à escuridão... ". Sua resignação perante a escuridão se dá com a morte definitiva de seu importar. Ela se afundou em tristeza e solidão e lutar para emergir não é uma opção mais. Seu cansaço ultrapassou todos os limites, assim fazendo-a simplesmente não se opor à completa imersão na escuridão. No geral, Vazio avança na desesperança de alguém que diante da perca dos prazeres, se vê apenas num ciclo de aflição do qual aguarda o único remédio capaz de trazer alívio definitivo: a morte. A fadiga e a exaustão chegam a fronteira final, e neste ponto a resignação é a única escolha disponível.

Idealiza​ç​ã​o é uma canção da banda brasileira Nattag. A letra explora a desesperança, o distanciamento emocional e faz uma livre expansão de sentimentos e pensamentos íntimos. A primeira seção/estrofe expurga um desalento e solidão por parte do indivíduo. "A discursar pelos ecos do gélido oceano/Espalhando acontecimentos atemporais pelo anoitecer/A perder-me na névoa de expectativas, percebo ser um mero engano/Um escudo contra envolvimentos do afastamento - eis o romper". "Gélido oceano" simboliza a vastidão de sua vida, fria, inerte, onde ele fala com ninguém além de si mesmo, expressado pelos "ecos" que nada mais são do que suas próprias falas repetidas e ouvidas pelo próprio indivíduo, enfatizando também a sua solidão. Ele percebe que todas as suas expectativas foram alimentadas em vão, com ele próprio perdendo-se entre elas e sentindo-se enganado. O indivíduo constata ainda que se tornou uma espécie de armadura, um escudo contra possíveis relacionamentos interpessoais, afastando a si mesmo de tais envolvimentos. As linhas seguintes evidenciam sua luta para com sentimentos conflitantes. "Uma instância de brandura e a dúvida se concretiza/Com relutância em agrura, absorvida é a ojeriza/A ter uma emissão de prantos ressentidos". Uma pequena brecha para gestos afetuosos traz rapidamente a incerteza se aquilo é de fato sincero. E, mesmo com resistência por parte do indivíduo, o desamor, a antipatia acaba por tomá-lo. Esses sentimentos ainda evocam consigo mágoas e amarguras. A sua ânsia em poder estar com alguém é demasiada, mas, ele conclui que isto não passa de meros devaneios. "Ansiando lacrimar aos braços d'alguém/Porém há-me apenas sonhos, e nada além". As linhas seguintes começam expressando uma certa serenidade, "O êxtase lamentoso tem seu fim, e um invariável ciclo se fecha/Descansos breves movem-me à margem da paz", onde ele sente que tudo o que o corroía se esvaiu - toda as aflições, finalmente, se encerraram, deixando-o aliviado. No entanto, em seguida ele se questiona "Uma reles ilusão - que direito teria eu de sorrir a outrem?" e conclui "Abro a janela; hei de guardar energia para estar exausto". Sua solidão brada que ele não pode ter o privilégio da presença de outro alguém. E, ele avisa a si mesmo que é melhor guardar alguma energia para enfrentar a exaustão que é certa de se somar, outra e outra vez. A estrofe posterior pinta a imagem climática onde a neve preenche seu quarto, simbolizando a inércia que se assenta ao seu redor, e mesmo um novo dia já é consumido pelo panorama sem cores e ausente de vivacidade. "Coberto agora, exerço a fraqueza definidora das contradições/Cerco-me de idealização, paradoxos e culpa", aquilo que parecia ter sido digerido, ou mesmo aceito forçadamente, anteriormente retorna e desloca consigo a culpa. Ele torna a repensar na companhia de outrem, alimentando qualidades sobre este ente - até então apenas criado em sua mente. "Choro mansamente ao impossível, simulo a posse do afeto", a esta altura, suas lágrimas tendem a ser mais serenas e preenchidas com a imagem de alguém a emitir afeto e ternura. Ele se agarra a esta imagem como pode. No entanto, o verso seguinte e derradeiro torna a trazer uma tristeza ante a conclusão de que, para além do campo imaginativo, essa pessoa nunca será real. Ele poderá se sentir correspondido em afetos apenas em sua morte, pela própria morte, já que em seu âmago ele almeja-a, assim como ela o receberá sem questionamentos ou rejeição. "E no último adormecer, sei que sorrirei à mutualidade de tal emoção.", também pode ser interpretado que somente após a sua morte afetos serão emanados por uma outra pessoa, devido ao luto, a perda do indivíduo. Em vida ele não pode receber um mínimo deste afeto que, provavelmente, poderá ser gerado por alguém após o seu falecimento. No geral, Idealiza​ç​ã​o comunica a ausência de reciprocidade que ocorre, num nível integral, na sociedade. O distanciamento que permeia entre os indivíduos gera emoções penosas levando um indivíduo à clausura de si mesmo. Com mais ninguém além de sua própria companhia, ele passa a nutrir um ente em sua imaginação com qualidades que beiram a perfeição. Esta pessoa idealizada, talvez, possa transmitir aquilo que ele anseia tanto por receber: afeto. Na teoria psicanalítica, idealização é tida como uma espécie de mecanismo de defesa em que o indivíduo atribui qualidades perfeitas, ou quase perfeitas, a outra pessoa ou outras pessoas. Este mecanismo é uma forma de evitar a ansiedade ou os sentimentos negativos como rejeição, desprezo e amargura.



domingo, 23 de julho de 2023

Autópsia Lírica

 


Devido a inúmeros motivos, as postagens do blog não têm uma frequência padronizada. Assim, decidi trazer nesta única publicação várias análises de letras de algumas bandas da cena, ao invés de uma postagem com uma única análise. Aqui são breves autópsias líricas, trazendo à tona as mensagens expressadas na parte lírica da música. Selecionei 2 músicas de cada banda.


Morgondagen é uma canção da banda sueca Apati.  A faixa está presente no álbum Morgondagen Inställd I Brist På Intresse. É uma música sombria que explora o vazio e o desespero que podem surgir ao se sentir preso em uma vida vazia e sem esperança. A letra retrata uma pessoa que está lutando contra a depressão e uma sensação de desesperança em relação ao futuro. O indivíduo acorda sentindo como se seu despertador fosse uma facada em sua cabeça e passa a manhã fantasiando sobre um futuro muito distante de sua realidade atual. O uso do álcool como mecanismo de enfrentamento é destaque na letra, com o indivíduo bebendo várias cervejas apenas para voltar a dormir. Ele basicamente desiste de seu futuro, alegando que seu amanhã foi cancelado por falta de interesse. A ideia de isolamento também é explorada, com o indivíduo tirando uma 'licença médica' para o resto da vida, destacando seu completo afastamento da interação humana. O trecho no meio da música é de um filme sueco chamado "Om jag vänder mig om" de 2003, e ele enfatiza como, infelizmente, mesmo os profissionais da saúde mental podem negligenciar seus pacientes. A mensagem é repleta de revolta, afinal, a pessoa vive um inferno mental e todos a sua volta parecem simplesmente ignorar, usar de indiferença para com sua dor. "Não há um bastardo que possa nos curar! Aqui estão pessoas que se sentem como eu, uma merda. Uma merda a cada maldito minuto! Você não vê que toda a minha vida é uma catástrofe? Você não percebeu isso quando eu sentei aqui e conversei com você?" Outro trecho é encontrado no final da música, este sendo de um filme chamado "Palindromes" de 2004. A fala do personagem expressa sua descrença nas mudanças, principalmente em relação às pessoas, sugerindo que as pessoas nunca mudam de verdade e que os mesmos padrões e lutas continuarão ao longo da vida de cada indivíduo. A música em geral é uma exploração sombria, mas realista, dos sentimentos de desespero e falta de propósito que podem surgir na vida. A letra de Morgondagen é um aviso poderoso sobre os perigos de se deixar consumir pelo desespero e isolamento.

Lämna mig ifred é uma canção da banda sueca Apati, lançada como 3ª faixa do álbum Morgondagen Inställd I Brist På Intresse. A letra transmite um profundo sentimento de desespero e distanciamento. Fala sobre a falta de interesse do indivíduo em encontrar felicidade ou realização na vida. As falas iniciais transmitem uma sensação de desesperança e resignação, pois ele parece ter desistido totalmente da busca pela felicidade, aceitando sua desgraça. O trecho "Eu quero pegar o motorhome de alguém/ Desaparecer por uma estrada de cascalho empoeirada" pode ser interpretado como um desejo de escapar do mundo e se isolar. A linha "...com uma cerveja gelada na mão/Em direção à terra de ninguém sob um céu azul" sugere que o indivíduo está buscando consolo no álcool e está disposto a ignorar as consequências de suas ações. Esse trecho menciona "Ingenmansland", que significa "terra de ninguém" em sueco. Isso pode ser interpretado como uma metáfora do estado emocional e mental do indivíduo, pois ele se sente desconectado e separado do mundo ao seu redor. Ele também fala sobre parar em cidades pequenas, comer comida gordurosa e seguir para o próximo lugar. Isso expressa o desejo de distração temporária, sem nenhum propósito ou direção real. No geral, a canção Lämna mig ifred é um reflexo dos sentimentos de isolamento, desesperança e distanciamento do indivíduo para com o mundo ao seu redor. A letra sugere um desejo de se isolar a todo custo, buscando assim uma pausa temporária da dor emocional.

Alltid - Aldrig é uma canção da banda sueca Lifelover, lançada no álbum Konkurs. A letra aborda temas de dualidade, turbulência emocional e uma busca por escapar do peso da vida. Fala sobre um estado de espírito conflituoso e abalado, onde a alegria e o desespero se misturam como água com o suco mais doce. A imagem de um estrangulamento que a vida dá na garganta do indivíduo sugere uma sensação de sufocamento ou de estar preso. No entanto, há um momento de pausa quando o aperto é momentaneamente enfraquecido, permitindo que o indivíduo finalmente respire. Isso traz uma rara sensação de felicidade, embora também seja acompanhada por uma sensação de peso e alívio. As linhas seguintes descrevem um estado de euforia que parece simultaneamente elevar e dilacerar o indivíduo. Expressa o desejo de fugir para um lugar onde tanto a luz quanto as sombras convivem e onde a dança da vida o conduz para a morte. Esta imagem sugere um desejo de encontrar consolo na justaposição de diferentes emoções e experiências. O convite para dançar e cantar junto, repetida várias vezes no coro, significa um desejo de conexão e experiências compartilhadas. O desejo de brincar e rir juntos nas clareiras representa uma fuga temporária dos fardos da existência. Há um desejo de existir em um momento sem propósito ou significado, onde a ausência de tudo se torna tudo. A frase "Alltid, aldrig" (sempre, nunca) serve como uma poderosa conclusão para a música. Mostra a natureza paradoxal da vida, onde tudo e nada coexistem. Sugere o ciclo perpétuo de emoções e experiências - momentos de felicidade e alívio são contrastados com momentos de desespero e sufocamento. A música como um todo apresenta uma exploração complexa das emoções humanas e a constante oscilação entre estados mentais conflitantes, enfatizando a intrincada natureza da existência.

Cancertid é uma canção da banda sueca Lifelover, lançada em seu 3º álbum Konkurs. A música explora temas de quietude, despertar, traição e reflexão. Inicia-se com o indivíduo acordando lentamente de um sono químico, possivelmente referindo-se a um estado de espírito alterado por drogas ou depressão. A menção de "novas traições" sugere que o indivíduo passou por repetidos ciclos de decepção e desapontamento. A música mergulha na tentativa de o indivíduo refletir sobre as horas perdidas, implicando um sentimento de arrependimento e questionando o propósito desses momentos. Também transmite uma sensação de vazio e falta de sentido na existência do indivíduo. Ele se questiona se a realidade existe no mundo externo ou apenas dentro de sua própria mente violada, insinuando uma luta com a percepção distorcida e uma turbulência interna. As linhas finais, "Sigo minha dança no reino da névoa - onde nada mais tem significado", retrata o desejo de escapar das restrições da realidade e abraçar um reino onde o significado convencional deixa de existir. Essa imagem sugere um anseio por uma realidade alternativa ou um refúgio dos fardos da vida. No geral, Cancertid explora temas de desilusão, introspecção e um desejo de fuga, oferecendo uma perspectiva sobre as lutas emocionais do indivíduo e a busca por significado em um mundo aparentemente indiferente.

In My Last Mourning... é uma canção da banda brasileira Thy Light. A música explora temas sombrios e introspectivos de depressão, autoaversão e pensamentos suicidas. As linhas iniciais sugerem uma sensação de desesperança e desespero, enquanto o indivíduo lamenta a passagem do tempo e a dor constante que sente todos os dias em um mundo consumido pela escuridão. A frase "Pelas minhas narinas corre o cheiro da minha própria morte impressa no céu cinza de domingo" descreve um sentimento de morte iminente, uma sensação de que a morte está sempre à espreita. Isso pode representar a luta do indivíduo com pensamentos e tendências autodestrutivas, ou talvez a consciência de sua própria mortalidade. A linha "Eu me mato, tiro minha vida..." é uma afirmação ousada e chocante que confirma o tema da ideação suicida presente ao longo da música. Parece sugerir que o indivíduo está pensando em tirar a própria vida como forma de escapar da dor que sente todos os dias. Ao final, "Em meu último luto, percebo, sempre fui o nada que temia me tornar..." fornece um vislumbre de percepção da psique do indivíduo. Isso sugere que ele pode se sentir inadequado ou inútil e tem um medo profundo de se tornar nada. Essa percepção pode ser o que o leva a pensar no suicídio como uma forma de escapar desses sentimentos. No geral, In My Last Mourning... é um retrato sombrio e assustador de alguém lutando contra a depressão e pensamentos suicidas. A música oferece um vislumbre da mente de alguém consumido pela escuridão e pelo desespero e serve como um lembrete da importância da saúde mental e da busca de ajuda quando necessário, visto que, segundo o próprio compositor da música, ela (bem como todas as faixas da DEMO) expressam a dor de um amigo que, de fato, culminou com o suicídio. Assim, essa música nada mais é do que um retrato autêntico de alguém que não pôde mais suportar o fardo da dor.

A Crawling Worm In A World Of Lies é uma canção da banda brasileira Thy Light, foi lançada como 3ª faixa na DEMO Suici.De.Pression. Ela retrata uma sensação de desespero e desilusão diante de um mundo enganoso. O indivíduo se encontra desolado e refletindo sobre sua jornada, percebendo que seus esforços foram inúteis e o deixaram se sentindo derrotado. As linhas de abertura, "Desolado, eu só assisto a trilha em que andei para chegar aqui", mostra um sentimento de vazio e distanciamento. Sugere que o indivíduo está observando suas ações e experiências passadas, mas com um sentimento de distanciamento e indiferença, enfatizando sua desilusão. A frase "Tudo em vão, nenhuma recompensa para me fazer levantar a cabeça" reflete a decepção do indivíduo com a falta de realização ou reconhecimento por seus esforços. Ele dedicou tempo e energia significativa, mas não há resultado tangível ou sensação de realização. Essa falta de recompensa leva a uma postura figurativa de olhar para baixo, pois o indivíduo se sente decepcionado e derrotado. A frase, "Amarga foi minha derrota, vejo o céu coberto com a fumaça cinza que meus olhos nunca conseguiram suportar", reflete a percepção do indivíduo sobre seu fracasso. A "fumaça cinza" simboliza uma atmosfera opressiva e sufocante, provavelmente representando as mentiras e enganos que o cerca. Essa imagem enfatiza ainda mais o sentimento de desesperança e a natureza avassaladora e penetrante das falsidades que encontra no mundo. A linha final, "Na realidade decadente... sou apenas um verme rastejante em um mundo de mentiras", expressa o significado geral da música. Significa a profunda percepção do indivíduo de que ele é insignificante e impotente em um mundo dominado pela falsidade. A metáfora de ser um "verme rastejante" implica uma sensação de vulnerabilidade, impotência e insignificância em comparação com as mentiras e decepções que assolam sua existência. No geral, A Crawling Worm In A World Of Lies retrata um sentimento de desilusão, desespero e insignificância diante de um mundo enganoso e opressivo. A letra captura a frustração e o desespero experimentados quando se percebe a extensão das falsidades que nos cercam e a dificuldade de encontrar autenticidade em tal sociedade.

Her Ghost Haunts These Walls é uma canção da banda francesa Nocturnal Depression. A música explora temas de perda, tristeza e saudade de um ente querido que faleceu. A letra retrata um sentimento de aceitação e desejo de se reunir com o ente que partiu. Os versos iniciais, "Minhas mãos estão acariciando as pedra/Sua frieza perfura minha pele e rasteja até meu coração", sugerem um sentimento de conexão e consolo ao tocar objetos associados a pessoa falecida. A atmosfera melancólica é enfatizada com a menção à obscuridade e a mistura de preto e cinza, significando um estado de tristeza e desolação. A letra descreve ainda a dor avassaladora do indivíduo e o profundo impacto de sua perda. "Tudo lá está cheio de tristeza/Tudo lá está chorando". Esta linha destaca a natureza penetrante da tristeza e a incapacidade de escapar do luto. O refrão revela a saudade do indivíduo e o desejo de estar com a pessoa amada. "Pego suas mãos, sigo você para um lugar melhor" e "Pego suas mãos, deixe-me ficar ao seu lado" transmitem o desejo de reencontro e a esperança de uma vida após a morte pacífica. Esse anseio é ainda mais enfatizado pela repetição dessas linhas. À medida que a música avança, a sensação de desespero se intensifica. As imagens de ruínas e sofrimento refletem os restos despedaçados da vida do indivíduo sem a pessoa querida. Os flashes que ferem a mente e a incapacidade de esquecer reafirmam o impacto duradouro dessa ausência. Os versos climáticos pintam uma atmosfera de escuridão e isolamento, com chuva caindo e o mundo escurecendo. Apesar disso, a presença da alma que partiu ainda é sentida. "Sinto sua presença, seus braços em volta de mim, sua cabeça nas minhas costas" indica uma conexão espiritual e a sensação do abraço da pessoa amada. A música termina com a frase comovente: "Eu me matei para me juntar a você". Esta linha expressa as profundezas extremas da dor e o desejo de se reunir até o ponto de sacrificar a própria vida. No geral, Her Ghost Haunts These Walls retrata a jornada emocional de alguém lutando com a perda de um ente querido e seu desejo de consolo e reunião na vida após a morte, mesmo que seja tirando a própria vida, tamanha a dor da perda que não pôde ser digerida de modo algum.

Nevica é uma canção da banda francesa Nocturnal Depression, foi lançada como 6ª faixa do álbum Reflections Of A Sad Soul. A música explora temas de dor, tristeza e decadência emocional. A letra retrata uma paisagem escura e desolada onde o indivíduo encontra consolo no abraço do inverno e sua nevasca. As linhas iniciais dão o tom sombrio, com a noite caindo e gritos de desespero ecoando em um mundo feito de pedra. Isso expressa o mundo indiferente às dores e aflições das pessoas. A música também investiga o passado e o futuro do indivíduo, cheio de visões sombrias e uma sensação de destruição iminente. O peso das palavras de alguém o feriu profundamente, metaforicamente perfurando sua pele como uma lâmina. A frase "As pedras rasgaram minhas mãos" sugere que as cicatrizes do sofrimento passado foram reabertas, fazendo-as sangrar novamente. O desespero e a dor se manifestam como lágrimas e choro, simbolizando a angústia emocional que a indivíduo vivencia. A memória de uma pessoa específica o persegue, testemunhando seu declínio. A chegada do inverno serve como metáfora para o desejo do indivíduo de que seu corpo físico seja coberto e escondido. Ele anseia pela pureza da neve para esconder a feiura que reside dentro de si. O corpo do indivíduo é descrito como repulsivo, prendendo uma alma sombria e emanando energias negativas. A ausência de emoções e arrependimentos destaca seu distanciamento do mundo e uma vontade de enterrar tudo relacionado à pessoa que causou sua dor. Os ventos frios simbolizam a partida iminente de sua alma de seu estado atual de existência. O refrão "Nevica" (está nevando) serve tanto como um chamado para abraçar o frio quanto como uma metáfora para o tormento interior do indivíduo. Ele se vê como um reflexo amaldiçoado, triste e monstruoso no espelho - uma manifestação da dor que inflige a si mesmo. Em última análise, ele se vê como uma presença fantasmagórica, escondida em um lugar esquecido. Ele existe como um pensamento espectral que guia os outros para a destruição. As linhas finais expressam a proibição da alegria e o surgimento de uma nova era impregnada de negatividade. No geral, Nevica explora temas de sofrimento emocional, isolamento e desejo de fuga. A música transmite uma sensação de profunda turbulência interior e o profundo impacto que traumas do passado e relacionamentos tóxicos podem ter na psique de um indivíduo.

Screaming at Forgotten Fears é uma canção da banda estadunidense Xasthur. Essa música mostra uma imagem vívida de uma pessoa lidando com medos e ansiedades profundamente arraigados que ela tentou esquecer ou afastar. O indivíduo está tentando explorar um "código perdido de autoconhecimento" para tentar lidar com os medos que enfrenta, embora possa até estar usando métodos destrutivos para tentar se livrar desses medos. O veneno escondido atrás de sua máscara simboliza a escuridão que ele está tentando esconder. Ele admite que seus medos estão "servindo-se nas asas da aflição da dor". Ao permitir-se enfrentar os medos que tenta esquecer, o indivíduo sugere que será a sua própria alma que acabará por assumir a culpa pela destruição causada pelas suas lutas. O seu eu destruirá os seus próprios medos, mas, obviamente, destruirá o indivíduo junto. Não há como esquecer coisa alguma, mas, o tempo pode amenizar certas lembranças aterrorizantes. Assim, o indivíduo sentiu-se menos amedrontado por um tempo, até que sua mente o lançou no poço de seus mais terríveis medos. Ele tenta encontrar modos de enfrenta-los, visto que, nesse ponto, já não se pode mais ocultá-los. Porém, nenhuma forma é eficiente, e, por fim, ele recorre a um meio de se alimentar dos próprios medos. Sem sucesso algum, acaba apenas por ser atormentado pelos medos, elevando a ansiedade ao extremo. Xasthur sempre abordou em suas canções o terror, pavor, a consciência de si e o confronto do indivíduo consigo mesmo. No geral, Screaming at Forgotten Fears traz à tona a aterrorizante imagem de que tentar reprimir os seus medos só os eleva cada vez mais, chegando a proporções onde nada mais pode pausá-los, mesmo que por um momento.

Dreams Blacker Than Death é uma canção da banda estadunidense Xasthur, lançada como 3ª faixa no álbum To Violate The Oblivious. A música investiga temas de escuridão, transformação e o fascínio de uma realidade alternativa. A letra pinta um quadro assombroso e mórbido, enfatizando a essência da banda. As linhas de abertura, "Em transe profundo pela lua/Transformação para devorar os vivos", sugere uma sensação de ser atraído para um estado de espírito hipnotizante. Isso pode ser interpretado como uma representação metafórica do indivíduo sendo consumido por seus próprios demônios internos ou explorando as profundezas de seus desejos sombrios. A lua muitas vezes simboliza o mistério e a mente inconsciente, sugerindo uma jornada aos reinos sombrios da psique. A frase "Além dos sonhos mais negros que a morte" pode ser vista como uma afirmação poderosa que abrange a profundidade da tristeza e do desespero. Ao se referir aos sonhos como sendo ainda mais sombrios que a morte, a música sugere que o mundo dos sonhos pode se tornar um refúgio e até uma alternativa preferível à dura realidade da vida. Isso pode refletir um desejo de escapar da dor e do sofrimento experimentados na existência cotidiana. A repetição do verso "Viver por... E morrer por..." transmite um profundo sentimento de devoção e dedicação. Sugere uma vontade de se comprometer com algo além do reino comum da existência, mesmo que seja atormentador. Isso pode implicar um fascínio pelos aspectos mais sombrios da existência ou um desejo de transcender as limitações do mundano. A linha final, "Aeons do purgatório", sugere um estado perpétuo de sofrimento e angústia sofrido pelo indivíduo. Isso sugere que ele está preso em um ciclo eterno de tormento, incapaz de encontrar paz ou descanso. Isso pode refletir uma angústia existencial mais profunda e a sensação de estar preso em uma aflição sem fim. No geral, Dreams Blacker Than Death mergulha nas profundezas da escuridão, explorando temas de transformação, escapismo e turbulência emocional. Ela captura a essência emotiva e crua da música de Xasthur, oferecendo um vislumbre do mundo complexo e inquietante da psique humana.


Em breve mais interpretações de outras músicas e bandas.