quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Entrevista Unguilty & Nattag

 



Diferentemente das entrevistas que comumente são postadas aqui, com membro ou membros de uma só banda, a partir desta um novo formato se soma: entrevistas em duplas. No entanto, com membros de bandas distintas. As perguntas serão as mesmas aos dois músicos, ou duas musicistas, cada qual respondendo-as ao seu modo, com sua pessoalidade, pontos de vistas, etc. Nesta estreia, F. R. e Yakoushi - dois músicos com projetos relativamente recentes, Unguilty e Nattag, respectivamente, mas, que já alicerçam lançamentos muito bem produzidos e somam mais sonoridades dentro do DSBM - vêm apresentar suas ideias, opiniões e convicções.

 

É evidente que vocês têm influências de outros artistas no cenário da música, e essas influências são canalizadas e refletem nos seus respectivos trabalhos, juntamente com o peso expressivo da originalidade de cada um. Vocês apreciam outras formas de arte como cinema e literatura? Se sim, há também influências que vocês absorvem disto e, de algum modo, leva para seus projetos musicais?

F.R.: Com certeza. A arte sempre foi uma constante na minha vida, de muitas formas. Além da música, também tenho muito contato com artes plásticas (como pinturas e esculturas) e com a literatura. Essas influências podem ser observadas em minhas músicas através do romance que paira sutil em minhas letras, das referências a outras obras, de minha tentativa em induzir o ouvinte a criar imagens não apenas sonoras, mas, também visuais e até mesmo narrativas, dentre outros aspectos. Há, inclusive, uma música em minha demo de estreia onde cito um trecho do romance alemão, "Os Sofrimentos Do Jovem Werther", de Johann Wolfgang von Goethe. A música se chama "A Dream That Fades Into Reality".

Yakoushi: Não sou muito adepto do cinema, mas gosto bastante de Control (2007) e de The Crow (1994), este último sendo meu favorito. Creio que a maior influência que eu absorvo de ambos seja a atmosfera melancólica e noturna, além de que The Crow é uma obra (tanto a HQ quanto o filme) bem poética ao meu ver. Desse tipo de mídia audiovisual, animes são de longe o tipo que mais consumo (há inclusive um sampler de um anime moe em uma faixa minha chamada "Proscrição", mas não lembro especificamente qual foi o anime usado). Gosto de literatura, sim, sobretudo contos e poesia. Atualmente não leio mais tanto quanto costumava fazer no passado, mas continuo apreciando bastante essa arte. É algo que está presente no Nattag fortemente, apesar de ser um pouco complicado explicar com precisão onde e como. Lia bastante poesia ultrarromantista, mas nos últimos tempos o simbolismo esteve chamando mais minha atenção. Creio que essas influências em específico sejam relativamente evidentes nas minhas letras; agora, no que tange à sonoridade e atmosfera, varia bastante de faixa para faixa; eu diria que o "Moções Incertas" por inteiro expressa (ou pelo menos tenta, hehehe) um tipo de decadência que pode ser encontrada em alguns contos do Poe, por exemplo. Pessoalmente, algo que me inspira bastante tanto na composição lírica quanto musical é a fotografia. Sempre tenho alguma paisagem ou imagem em mente quando envolvido no processo de produção de algo. As capas que acompanham faixas ou álbuns meus têm o propósito de adicionar significado à música, ao invés de só estarem lá porque o Bandcamp exige. Para mim, a fotografia consegue captar diversas atmosferas, momentos, sentimentos, etc., de um jeito diferente de uma arte como a poesia (não que um seja melhor que o outro, são apenas diferentes). É algo bem similar com a pintura nesse aspecto.


A música, sem dúvidas, é um dos melhores modos de dar vazão às mais densas e sombrias emoções. No meio do Depressive Black Metal isso se torna ainda mais característico. Além de tocar e cantar, vocês costumam realizar outras atividades para amenizar o estresse do dia a dia?

F.R.: Em meu pouco tempo livre, gosto de ler livros e histórias em quadrinhos, desenhar, jogar Magic: The Gathering, ou apenas tomar um café observando os pássaros na grama. Mas são raros esses momentos em que eu não esteja, de alguma forma, fazendo música.

Yakoushi: Apenas coisas relacionadas a hobbies meus, mas não sei se isso pode ser considerado algo para amenizar o estresse. Não tenho tanto estresse em geral — meu estresse é mais "pontual", por assim dizer. Coisas específicas que me estressam, ao invés de ser um estado presente cotidianamente, até porque minha rotina é bastante parada e neutra, então nem sempre há algo ocorrendo que me deixe nervoso assim. Duas coisas que faço regularmente é ficar garimpando artes de animes e jogos pela internet e editar pelo Photoshop fotos que tiro; há também coisas relacionadas à música que não se restringem à produção dela em si, mas acho que isso qualquer um que está inserido mais intimamente no meio musical faz naturalmente, então não conta. Agora, para especificamente aliviar o estresse, costumo caminhar, ficar mais isolado que o normal de pessoas, navegar sem rumo pela internet e/ou beber café (que é um dos métodos que mais costuma funcionar).

 

Atualmente, os Transtornos Mentais estão ganhando mais atenção, devido aos altos índices de pessoas que padecem e mesmo chegam à morte em decorrência destes males gravíssimos. Vocês creem que as pessoas em geral, de fato, estão se importando mais umas com as outras, ou esse cuidado ainda é apenas de quem passa pelo mesmo e por fim acaba criando um círculo de ajuda entre pessoas que também são ignoradas e estigmatizadas pela sociedade?

F.R.: Acredito que há sim um aumento de pessoas que dão mais atenção a esses transtornos, devido à grande quantidade de informações que podemos ter sobre isso hoje em dia. Mas, ainda assim, é um aumento modesto, que ainda é nebuloso entre toda a ignorância que há sobre este tema, ainda mais em nosso país.

Yakoushi: Eu aposto no segundo caso. É muito raro ver alguém que se importa com uma pessoa passando por dificuldades relacionadas a transtornos mentais sem que esse alguém em si tenha passado por algo similar. A verdade é que a maioria não está nem aí para você. A celebridade que publica algo nas redes sociais sobre esse tipo de assunto pode tanto estar tentando de fato ajudar quanto tentando dar uma de bom samaritano para manter uma imagem (como tanta gente faz no Setembro Amarelo, por exemplo), a questão é que é muito difícil ela conseguir se importar contigo como indivíduo, pois ela muito provavelmente não te conhece e não tem nenhum laço pessoal com você. Para a mídia e para pessoas que não nos conhecem individualmente, se cometermos suicídio, seremos uma vítima que entrou para a estatística e nada mais. E não estou falando que deveria ser diferente, até porque é impossível ser diferente; esse tipo de coisa está além das capacidades das pessoas. Meu ponto ao falar isso é que eu não consigo crer que as pessoas estão verdadeiramente se importando mais umas com as outras, elas estão apenas tocando no tema dos transtornos mentais com maior frequência e abertura (o que já é ótimo, sem dúvidas). Claro, conforme as pessoas compreendem a questão das desordens psicológicas fica muito mais provável de elas desenvolverem uma empatia maior por quem é acometido por isso, no entanto, falarmos mais sobre isso não necessariamente implica que as pessoas estão se importando mais com indivíduos passando por dificuldades. É só ver como quem se automutila ou tem cicatrizes visíveis por conta desse tipo de prática é malvisto pela vasta maioria das pessoas que não entende nada sobre. Você vai ao mercado de camiseta e tem gente te encarando com olhares assustados ou de desprezo. O progresso em relação a essas coisas é muito lento na sociedade, e nada indica que isso mudará.

 

Nos dias atuais, fazer música se tornou algo mais acessível. Se encontram diversos softwares, instrumentos virtuais, e até celulares onde se pode usar como microfone, facilitando a quem tem pelo menos um conhecimento básico para compor, tocar e cantar vir a criar seu próprio projeto. Inclusive, de forma solitária. Vocês já fizeram parte de alguma banda com vários membros? Se sim, como foi essa experiência? E, se não, vocês se sentiriam à vontade para fazer parte, mesmo que não fossem pessoas do seu círculo de amizade?

F.R.: Já participei de dois projetos com alguns amigos. Porém, não eram de estilos que gosto. Foi uma experiência divertida, mas nada produtiva para mim (no âmbito musical).

Yakoushi: É meio difícil responder a primeira questão, já que "fazer parte" é algo meio incerto à minha visão. Em 2019 eu fui guitarrista de uma banda de Black Metal da minha cidade por exatos dois ensaios, então não sei se dá para dizer que "fui parte" da banda. Fora projetos em que sou só eu e outra pessoa, acho que apenas participei de fato da Fentanil mesmo. Minha experiência na Fentanil foi ótima. Era algo bem tranquilo, nunca houve qualquer tipo de pressão ou limitação e sempre havia compreensão e colaboração entre os membros. Acabei aprendendo um bocado com minha participação na banda, já que eu experimentava bastante nos vocais (o que acabou rendendo alguns momentos em que acho que vacilei no canto, mas faz parte, né). Quando trabalhando com outras pessoas no meio musical eu procuro ser complacente justamente para favorecer um ambiente sossegado.

 

O DSBM é relativamente um subgênero novo no Metal Extremo, porém já se encontra alicerçado e com uma cena expressiva. Vocês se lembram de como ele chegou até vocês? E quais foram as bandas que os apresentaram a este tipo de música tida como a mais depressiva do Metal?

F.R.: Conheci o DSBM através de um amigo, que me apresentou ao estilo quando eu tinha 16 anos. Sempre gostei do metal atmosférico, então fui imediatamente atraído para este tipo de música. Comecei com bandas como Lifelover, Silencer, Nocturnal Depression... e logo estava imerso nas atmosferas que moldam o DSBM.

Yakoushi: Incrivelmente, meu primeiro contato com o Black Metal foi logo com o DSBM. Lembro que lá em meados de 2016 eu frequentava um blog chamado Warriors of the Metal Horde (ou algo assim), e acabei caindo em uma publicação sobre o Happy Days um dia. Ouvi a demo "Alone and Cold" e imediatamente fui atraído. A partir daí fui pesquisando mais bandas, inclusive de outras vertentes do Black Metal. As bandas que eu mais ouvia no começo, se não me falha a memória, eram Happy Days, Lifelover, ColdWorld, Leviathan e Silencer. Algumas delas eu parei de escutar há tempos, como Leviathan, ColdWorld e Happy Days, outras continuo a ouvir bem frequentemente, tipo Lifelover.

 

O Brasil é um país muito grande, com um povo diversificado e uma rica cultura. Vocês acompanham as regionalidades, seja música, dança, teatro, culinária e literatura? Se sim, o que poderiam nos indicar do seu estado?

F.R.: Não tenho tanto contato com a cultura de minha região quanto gostaria, mas o Paraná (e todo o Sul) é conhecido pela diversidade cultural, fruto das grandes imigrações que houveram, vindas principalmente da Europa e da Ásia, além da própria cultura indígena já presente na região. E o barreado de Morretes é um prato que faz jus à fama que tem.

Yakoushi: Não vou atrás de absolutamente nada da minha cidade/estado com o propósito de descobrir algo relacionado à cultura daqui. Não que eu me recuse ou algo assim, apenas não fico prestando atenção nesse tipo de coisa. O que consumo e acaba sendo daqui é puramente por acaso ou familiaridade. Mas tem um livro bem legalzinho de um professor de física aqui da UEPG chamado Gerson Kniphoff da Cruz; o livro é: "A criação do conhecimento real exterior".

 

Vocês são multi-instrumentistas, além de compor e cantar também. Qual (ou quais) é o instrumento favorito de vocês? E há algum que vocês ainda não tocam mas gostariam de vir a aprender tocar?

F.R.: Meu instrumento favorito é o baixo. Foi o primeiro que aprendi a tocar, e é o que tenho o maior domínio. Mas, gostaria muito de aprender alguns instrumentos de corda clássicos de uma orquestra, como o violino e o violoncelo.

Yakoushi: Meu instrumento favorito para tocar é guitarra porque é o único instrumento que tenho, hehehe. Mas para ouvir, gosto bastante de: baixo, violino, violoncelo, sintetizadores, xilofone e banjo. Que não tenho mas gostaria de aprender a tocar... Violino, um sintetizador ou teclado e violoncelo. Mas eu só queria mesmo era um amplificador melhor para a minha guitarra... O que tenho aqui no momento é sofrível. Ter um baixo e um violão seria interessante também. Atualmente estou com um baixo emprestado de um amigo, mas é uma sensação diferente de ter um instrumento que é verdadeiramente seu, sabe? Seria bem da hora se eu aprendesse a cantar também (hue).

 

A cena nacional de DSBM tem se mostrado forte e há uma boa interação entre fãs e artistas. Como é o contato de vocês com essa galera, tanto fãs quanto outros artistas do meio?

F.R.: É excelente. No início do Unguilty, não tive quaisquer pretensões de ser ouvido, apenas quis fazer música. Mas com o tempo, os ouvintes foram aumentando. Interagindo com a banda. E isso tudo é muito estimulante. Por isso, hoje, tenho grandes planos para o futuro da banda, e espero fortalecer ainda mais minha relação com estes que apreciam minha música.

Yakoushi: Eu — até onde sei, ao menos — geralmente acabo tendo contato com o pessoal que acompanha o que faço. Algumas pessoas comentam regularmente nas coisas que lanço no YouTube e eu procuro sempre responder, apesar de que por algum raio de motivo o YouTube às vezes parece apagar sozinho alguns comentários; não é raro eu receber notificação de comentário e, ao ir checar, ele simplesmente não estar lá. Uma parte considerável de quem eu sei que acompanha o que faço é composta de amigos meus, então uma hora ou outra há interação direta. Sou muito grato a quem escuta minhas músicas, já que sem essas pessoas meus projetos meio que nem existem. Meu contato com outros artistas do meio é bem limitado. Varia bastante, na real. Tem gente que eu conheço e interajo pouco por ser naturalmente mais fechado e optar por ficar fazendo minhas coisas sozinho na maior parte do tempo; tem gente que eu conheço por nome, mas nunca troquei uma palavra sequer de maneira direta, enfim. Eu acabo nem prestando muita atenção nisso; não vou ativamente atrás de estabelecer contato com quem não conheço, se isso acontece ou não é por acaso ou pelo desenvolvimento natural das coisas mesmo. Mas a galera com quem tenho contato é muito gente boa.

 

Como ouvinte e apreciador da música, qual é o ponto de vista de cada um de vocês em relação a música mundial? Vocês acreditam que com esse amplo acesso atual a música se tornará saturada, já que há muitas pessoas fazendo música praticamente todos os dias, ou é o oposto e justamente pela alta demanda dos ouvintes que mais artistas estão surgindo para suprir essa necessidade?

F.R.: Não tenho um pensamento formado sobre isso pois é um assunto muito complexo. Mas no geral, sou otimista. Acredito que essa facilidade em produzir música pode revelar grandes talentos, que poderiam não aparecer em outro cenário. E que mesmo com a saturação em quantidade de músicas, os ouvintes sabem reconhecer os bons artistas. Mas, também penso que esse grande movimento na música, de maneira desordenada, pode desgastar os artistas e ouvintes, dificultando o surgimento de bandas emblemáticas e inovadoras, como haviam em maior quantidade antes.

Yakoushi: Ao meu ver, isso é algo extremamente difícil de definir, já que depende de inúmeros fatores em relação a várias coisas que rodeiam essa questão. Além de que você terá respostas diferentes de pessoas diferentes em momentos diferentes. Para alguns, o DSBM, por exemplo, já está saturado, enquanto que para outros o gênero ainda tem muita história pela frente. Eu diria que é mais uma questão de saber do que você gosta e encontrar alguma forma de apreciar diferentes coisas de diferentes modos. Eu costumava não curtir muito Black Metal “genérico” (como se essa palavra significasse qualquer coisa), mas nos últimos tempos aprendi a apreciar esse tipo de coisa. Achar música inovadora e diferente é muito interessante e gratificante, sem dúvidas, mas às vezes a gente tá afim de ouvir algo mais “básico’’ mesmo, é normal. Eu já fui crítico de projetos de DSBM que seguem determinado padrão, mas quer saber? Por mais que eu possa acabar não gostando do produto final, da música em si, hoje em dia eu acho completamente fascinante o que está por trás daquilo. É uma expressão totalmente genuína e honesta, e o artista está colocando para fora tudo o que ele tem dentro dele. O Black Metal é para isso mesmo, para dar vazão a esses sentimentos e ideias da forma que a gente bem entender. Se você gosta ou não de X projeto ou banda, é algo para você mesmo apenas, pois o ponto do cara por trás daquilo é puramente expressar o que ele quiser, e isso é o que importa no final. Se você tem algum sentimento, ideia, ou qualquer coisa que seja e não tenha acesso à pomposidade de um estúdio e equipamentos dignos de uma banda de Power Metal, o Black Metal te acolherá de braços abertos. Isso que é o Black metal para mim: liberdade artística para fazer o que você quiser da forma que você quiser. É uma forma de expressão genuína e às vezes até meio intimista, pois o artista muitas vezes expõe ali coisas que ficam obscuras à cotidianidade, coisas que só podem ser expressas por meio daquela música. É algo quase transcendental, e eu acho isso admirável. Eu poderia até mesmo comparar essa característica do Black metal à criação de um canal no YouTube. Se você quiser criar seu canal e começar a produzir conteúdo, você pode, a plataforma está livre para isso. Agora, a edição, o tipo de conteúdo, a regularidade com que ele é feito e todo o resto, isso fica à sua escolha. Não tem uma câmera ou microfone profissional? Tudo bem! Faça da forma que você puder, pois o canal é inteiramente SEU. Se as pessoas vão assistir ou não, se elas vão gostar ou não, tanto faz, desde que você esteja fazendo aquilo com honestidade, porque isso é o que importa no fim.

 

Considerações finais.

F.R.: É sempre ótimo fazer parte de entrevistas e outras atividades aqui na DSBM Brazil. Agradeço a todos aqueles que ouvem minha música. Aguardem por grandes novidades no futuro do Unguilty.

Yakoushi: Agradeço muito à página por essa oportunidade de ser entrevistado, agradeço a qualquer um que ouça minhas músicas e a qualquer um que está inserido ativamente na cena DSBM, seja apoiando os artistas de qualquer forma, seja divulgando bandas e projetos, seja produzindo algo. Vocês mantêm isso aqui vivo e andando. Gostaria de avisar também que tem coisa nova do Nattag por vir. Não estipularei datas, mas o que tenho por certo é que sairá este ano. Muito obrigado.


Vocês podem acompanhar os lançamentos e informações de Unguilty e Nattag em suas respectivas plataformas e redes sociais.

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