sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Análise de Música: Lifelover - M/S Salmonella



M/S Salmonella é a 2ª faixa do álbum Pulver lançado, em 2006, pela banda Lifelover. Este foi seu álbum de estréia. A capa traz a imagem de uma mulher nua banhada em sangue. Segundo Kim Carlsson, esta mulher era amiga dele e aceitou posar para as fotografias desde que a mantivessem anônima, ao menos, no nome e outras informações a respeito dela. Realmente, ainda hoje não há qualquer informação ou, pelo menos, o nome da jovem disponível, nem mesmo no encarte do álbum e nos créditos há qualquer menção a ela. Esta capa expressa bem o conteúdo do álbum e, também, do que veio a ser marcante na banda: a nudez explícita da solidão banhada em desejos de morte. Usando de sarcasmo e ironia em suas letras, abordando as angústias de alguém confinado em uma cidade cinza, cercado de tantas outras pessoas afogadas em válvulas de escape como álcool, substâncias ilícitas, automutilação, medicamentos e, a todo custo, buscando se entorpecer para fugir da dolorosa e cruel realidade, a banda uniu uma sonoridade dançante na maioria das músicas para representar os extremos da vida humana. Unindo Post-punk, Black Metal e Dark Ambient a banda conseguiu dosar suas influências e originar características próprias em suas canções. Em uma entrevista, quando perguntados quanto ao gênero musical da banda, tanto Kim quanto Jonas disseram, de forma sarcástica, que a banda tocava "Narcotic Metal". Pulver - "Pó", em sueco - é, sem sombra de dúvidas, um dos álbuns essenciais do Depressive Black Metal.

Baksmällan sitter kvar sedan gårdagen,
(A ressaca de ontem ainda permanece,)
det gör även spyan på toalettens vägg
(como o vômito na parede do banheiro)

A letra começa com o eu lírico afirmando que, novamente, acordou com os sintomas de uma ressaca, provavelmente, alcoólica. Dores de cabeça, sensação de fraqueza, dores musculares, náuseas, vômitos. Na parede do banheiro, as marcas do que foi ejetado de seu estômago na noite anterior, segue carimbado.

Jag vandrar runt likt en zombie i tristessen,
(Eu vago por aí no tédio como a um zumbi,)
hela tiden möter jag nya ansikten, vilket stör mig
(conhecer novos rostos o tempo todo, coisa que me aborrece)

A apatia o tomou por completo. O indivíduo não sente mais qualquer ânimo de sair e caminhar pelas ruas mas, quando o faz, simplesmente, não reage a coisa alguma. As pessoas passaram a causar-lhe asco, aborrecimento. Ele se sente como a um zumbi, desprovido de vontades, de emoções, de vida.

Samplers com barulhos, como tiros sobre uma multidão de pessoas, são ouvidos. Expressando a indiferença do indivíduo perante o mundo lá fora.

Bandaget stinker av sårvätska och var,
(O curativo fede a exsudato e pus,)
men jag kan inte låta bli att lukta kontinuerligt
(mas não posso deixar de sentir o cheiro constantemente)

A prática de automutilação faz parte de suas fugas momentâneas. Esses cortes estão sempre evidentes, principalmente, devido aos curativos que ele coloca sobre, o que causa concentração de sangue misturado com pus e exsudato. Exsudato é um líquido incolor que se forma em machucados na pele, composto de anticorpos que atuam para impedir que a ferida permaneça aberta. Porém, esses fluídos liberam um odor desagradável e, esse constante fedor, mantém o indivíduo ainda mais irritado. Tudo ao seu redor passou a gerar sentimentos de aversão. Cheiros, barulhos, rostos, o clima, etc., tudo passou a gerar uma profunda raiva, sobretudo, pelo fato de ainda estar vivo.

Vinden blåser kallt, och jag får lust att hoppa ned
(O vento sopra frio e eu sinto vontade de pular)
bland de krossade isbitarna
(entre os cubos de gelo quebrados)
Jag har skickat dig ett vykort där det står: "Farväl"
(Enviei a você um cartão postal com a mensagem: 'Adeus')

Neste trecho, fica possível determinar onde o indivíduo se encontra. É inverno, faz muito frio, e ele está em um quarto de hotel, em alguma cidade longe de onde reside. Talvez, numa tentativa de fugir de todos que o conhecessem. Ao olhar pela vidraça da janela, ele tem um profundo desejo de saltar por ela e colidir contra o gelo que se formou no chão. Distante de familiares, amigos, de pessoas das quais existia alguma estima, ele tenta acabar com sua própria vida. Ele afirma que enviou um cartão postal para uma dessas pessoas, com a palavra "adeus". Fica dúbia a ideia de quem possa ser tal pessoa. Pode ser alguém que o estimava e ele se achou na obrigação de, ao menos, avisar esta pessoa sobre o ocorrido. Também, sendo o sarcasmo e a ironia uma marca da banda, o indivíduo na letra pode estar sendo sarcástico e enviou um cartão postal, justamente, para uma das pessoas que o magoaram, o ignoraram e tiveram grande impacto para a destruição de sua vontade de viver.

São usados sons de tiro e vozes humanas, demonstrando que o mundo continuou, seguiu com pessoas em meio ao caos, já sem o indivíduo. A desolação, que abarca qualquer pessoa, é algo interno mas que se expande para o externo, fazendo o indivíduo ficar alheio a tudo e todos. Vivo ou morto, para o mundo não faz qualquer diferença.

O título da música é a união de duas palavras. M/S é abreviação para a palavra Medlemskapet, que significa associação, adesão, união. E Salmonella é o nome de uma bactéria causadora de doenças em humanos. É encontrada em alimentos crus, mal preparados e mal cozidos. Entre os sintomas estão febre alta, diarreia (com ou sem sangramento), dores abdominais (cólicas), dor de cabeça (cefaleia), náusea, vômitos e falta de apetite. Na letra, percebe-se que o indivíduo está com esses sintomas, a sensação é de uma ressaca que não passa, atravessando dias mas, tanto uma ressaca por uso de substâncias tóxicas quanto os sintomas de uma intoxicação alimentar, pode indicar que ele está sendo agredido por ambas, por isso a associação (M/S), indicando que ele está sofrendo duplamente. A intoxicação alimentar pode, de fato, ter ocorrido. Ele, em meio a ingestão excessiva de álcool, pode ter se alimentado de forma incorreta, ingerido alimentos mal cozidos, sem se importar com isso, ou pode ter ocorrido de forma não intencional.

As linhas de piano em M/S Salmonella - presente em grande parte das músicas da banda - é, sem dúvidas, o instrumento que cria uma profunda melancolia em contraste com os outros instrumentos mais pesados e rápidos. Essa dualidade, alegria e tristeza, são as características que fazem desta banda bastante singular.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

DSBM Brazil - Vol. I

Compilação idealizada pelas páginas Depressive Suicidal Black Metal Brazil e DSBM Images, pelos canais Depressedy DSBM e DSBM Songs, e pelo blog Discografia do Metal Negro, reunindo bandas brasileiras de Depressive Suicide Black Metal.



1. Frio Insólito - Dor e Angústia
2. Depressiona - As Esperanças Se Foram Com Você
3. Lado Esquerdo Vazio - Quando a Vontade é Apenas Partir
4. Morte Rubra - Lúcido Para Morrer
5. Ensimesmamento - Serei Amado Quando Morrer
6. Montosse - Pois os Mortos Viajam Depressa...
7. Nattag - Efêmero
8. Pessimista - Malditas Expectativas
9. Entardecer - Omitted by Light
10. Whore Illusion - H(r)ope
11. Angustifolia - Dwelling In Emptiness
12. Deadleaf - Human Heat

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Kanashimi



Kanashimi é uma banda fundada em Shizouka, Japão, em 2007. A banda é um projeto solo de O. Misanthropy que criou Kanashimi após o fim da banda 彷徨 (Samayoi). Ambas as bandas foram as percussoras do DSBM no Japão. Kanashimi é uma palavra japonesa que significa 'tristeza'. Suas canções abordam o suicídio, depressão, melancolia, desesperança, dor e sofrimento, decepções com a vida e o fim trágico no rompimento de relacionamentos. A sonoridade mescla Black Metal com elementos fúnebres do Doom Metal.
Em 2007 é gravada a demo Life. As duas faixas são carregadas de melancolia devido as diferentes melodias de teclado usadas. Cutting My Heart e a canção que dá título a demo, são preenchidas com teclados e guitarras que criam uma atmosfera densa, como se estivessem arrastando as lágrimas de Misanthropy lentamente. A primeira fala sobre as decepções da vida e o quanto elas laceram a mente e, por consequência, geram uma dor quase insuportável de se carregar. Life fala sobre a existência vazia, onde tudo perde o brilho, nada faz qualquer sentido e a pessoa atravessa seus dias como um morto-vivo.
Em junho de 2009 é lançado o primeiro álbum, Romantik Suicide, pelo selo musical Nekrokult Nihilism. Contendo 6 músicas, o álbum traz uma maior concentração nos teclados do que nas guitarras distorcidas e baterias agressivas. Misanthropy cria uma atmosfera muito fria e depressiva, seus vocais soam extremamente dolorosos e repleto de lamúrias. A agonia e tristeza são muito palpáveis ao ouvinte. Ele usa todo seus sentimentos para gritar verdadeiramente e tragicamente. Apesar das guitarras e vocais terem um som distorcido, a música é clara o suficiente para que a bateria e linhas de baixo, bem como o piano ao fundo, possam ser ouvidos. As guitarras soam com riffs característicos do Doom, mas o instrumento que mais reflete a melancolia, sem dúvidas, é o teclado. A angústia e a dor são empilhadas densamente nas canções, as melodias do piano penetram marcando o clímax. As paisagens sonoras realmente captam a imaginação do ouvinte, enquanto perambulam pela estrada das almas perdidas que se suicidaram com a quebra de uma relação desesperada. Este disco, tido para ser um conto romântico, é definitivamente isso. O material baseado em piano é uma excursão maravilhosa para o ouvinte mergulhar na mente de alguém que, como Romeu & Julieta, está profundamente apaixonado e preparado para abandonar tudo em benefício de seu relacionamento, seu parceiro e, finalmente, eles mesmos. Ao contrário de muitas bandas que tentam tratar das decepções amorosas de maneira clichê, aqui, Misanthropy traz à tona toda a dor e melancolia por detrás do suicídio, das perdas e rompimentos trágicos que podem ocorrer na vida de qualquer pessoa.
Em 2010 é lançado o EP In My Tears, pela East Chaos Records. Este EP traz a regravação de Life, da demo de mesmo nome. Há apenas uma mudança na qualidade mas não alterando nada da música em si. A primeira faixa é a que dá título ao EP e, de fato, tem por objetivo expressar o pranto de Misanthropy. A angústia e a dor se acumulam densamente na canção, a melodia do piano é inserida através dos sons da música como se soasse desesperançado, gerando mais sentimentos de tristeza e dor. Os vocais de Misanthropy parecem uivantes como se, o vento através de riffs ásperos e lentos envolvidos em uma melancolia sombria, o tomassem. O clima é sombrio e cheio de dor sem qualquer chance de alívio. Algos é uma bela canção instrumental. Um triste piano, soando lindamente melancólico, envolve esta canção do início ao fim.
Em 2012 é lançado o split 光と闇 (Hikari to Yami) com a banda Infernal Necromancy, pela Zero Dimensional Records. Contendo 4 músicas, das quais uma intro e uma instrumental, Misanthropy segue com as características já marcantes de seus vocais carregados de dor e sofrimento e instrumental com teclados e guitarras criando um paredão lento que se encaixa perfeitamente às letras de lamúrias e desperança com o amanhã.
Em 2014 é lançado outro split, The Great Depression II, com a banda Happy Days. 葬歌: The Funeral Song é a primeira faixa e, como sugere o nome, é realmente uma canção digna de funeral. Sorrow Memories se inicia com um único acorde de piano que abre para os outros instrumentos e vocais entrarem. A letra fala de memórias dolorosas que nós todos carregamos e que parecem navalhas afiadas lacerando nossa mente. Woe é uma canção curta com um piano mais ritmado, expressando certa pressa. Em seguida, começa a Fragile Hope. Esta se incia com uma guitarra dissonante em contraste com alguns acordes de piano que logo se mesclam ao baixo e bateria, juntamente, com os vocais angustiantes de Misanthropy.
Em 2017 é lançado o álbum Inori, pela Pest Productions. Contendo 6 faixas que trazem as características já marcantes dos trabalhos anteriores de Kanashimi. A música In My Tears, do EP de mesmo nome, foi regravada para este álbum. Scar of Heart fala sobre coração partido e sentimentos de angústia gerados por falsas promessas de pessoas as quais depositamos confiança. Os vocais uivantes marcantes de Misanthropy podem ser ouvidos pela música toda. Tomurai reproduz um conjunto de melancolia com melodias e riffs repetitivos mas sem tirar a beleza da canção. As guitarras tocam em sintonia com o piano. Lost My Soul tem um coro feito pelo teclado que deixa a sonoridade inicial mais rica em melancolia. A letra fala do sentimento de perda, de perder-se de si mesmo e do que se amava. Nostalgia traz uma bela e triste melodia de piano com teclados ao fundo criando, de fato, certa nostalgia. O álbum se encerra com a melancólica INORI.
O. Misanthropy foi vocalista e guitarrista da banda 彷徨 (Samayoi) desde sua formação até o encerramento da banda. Atualmente, ele toca teclado na banda de black metal Ahpdegma.

Discografia:
Life "Demo" (2007)
Romantik Suicide (2009)
In My Tears "EP" (2010)
光と闇 (Hikari to Yami) "Split" (2012)
The Great Depression II "Split" (2014)
Inori (2017)

Membros:
Todos os instrumentos e vocais - O. Misanthropy (2007 - presente)

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Novidades de 2019


Esta lista inclui bandas e projetos formados no ano de 2019 e que lançaram material, demo, EP ou álbum, no mesmo ano.





1. Angustifolia - Vocais desolados e cobertos por uma gelada neblina são mesclados à sonoridade cadenciada e atmosférica desta banda. Envolvente do começo ao fim, o ouvinte pode sentir o desligamento de suas dores e viajar por paisagens menos perfurantes onde reina cinzentos bosques mas, ainda assim, tão cheios de vida. Longe das vozes e outros barulhos infernais da cidade, pode, enfim, deitar sobre a grama e fechar seus fatigados olhos aguardando o inevitável.
https://rytruviskerka.bandcamp.com/

2. Nihilistium - Atmosfera lenta, densa e penetrante que conduz a uma jornada em meio aos nevoeiros trapaceiros da existência, onde paira a depressão, mágoas, angústias, vazio existencial, solidão, niilismo e pensamentos suicidas, é o que nos traz essa banda formada no País de Gales por Mörtemiis, sendo ela a única integrante da banda.
https://nihilistiumdsbm.bandcamp.com/

3. Ingenting til Livet - Unindo a aspereza do Raw com a melancolia do Depressive Black Metal esta banda surge, na cidade brasileira de Ponta Grossa, Paraná, com uma demo que é o início de uma longa jornada por sombrios bosques, gélidas noites e lagos preenchidos pelo sangue de quem vaga nas trilhas da dor e do sofrimento, buscando, unicamente, o seu próprio fim, embora este fim esteja cada vez mais distante.
https://www.youtube.com/watch?v=yvwncJacbm0

4. No... - Simplicidade e originalidade define esta banda alemã. Nascida em uma terra fértil para bandas de DSBM, ela surge para continuar mantendo a trilha alicerçada na profunda desolação que cerca a existência. Intercalando vocais em furor, sons ambientes, guitarras distorcidas e instrumentos acústicos, o resultado final é bastante atraente sem perder a negativa inerente ao seu nome.
https://no-official.bandcamp.com/

5. Leave - Ríspida, inebriante e docemente sufocante são alguns dos adjetivos que expressam a sonoridade desta banda canadense. Uma densa atmosfera que despenca sobre o ouvinte e o leva a trafegar pelos vales sombrios onde um dia existiu luz. Mas essa escuridão não é de toda ruim, cada passo em direção a ela, mais acolhido se está, o que torna a escuridão interna e externa uma só fonte para continuar sobrevivendo no mundo, apesar de toda dor massacrante.
https://leavedsbm.bandcamp.com/

6. Pessimista - Soterrada na profundidade abissal da vida se encontram as nossas mais sombrias emoções que emergem até a superfície através da belíssima e agressiva sonoridade dessa banda brasileira formada por Jaketeme. Vociferando amargas lamúrias sobre a existência que nos envolve e nos alimenta com ilusões e impossibilidades, nos conduzindo aos desejos irrealizáveis, os temas das canções fazem jus ao nome da banda.
https://pessimista.bandcamp.com/

7. Nattag - Noise e DSBM? Experimentações ruidosas e angústias? Rótulos são desnecessários pois esta banda se insere, por si só, em caminhos dissonantes da música sombria e melancólica. Direto do Sul do Brasil, mais especificamente do Paraná, surge o "trem noturno", significado do nome da banda em sueco, remetendo à paisagens etéreas saturadas da mais crua tristeza e desesperança cotidiana.
https://nattag.bandcamp.com/

8. Haldol - Usado no tratamento de transtornos mentais, Haldol é um medicamento da classe de neurolépticos, o que nos faz pensar que a banda deve ser indicada como uma espécie de terapia a todos que padecem de algum sofrimento mental. Pulsando entre o Depressive Rock/Narcotic Metal, a sonoridade nos conduz a uma certa alegria melancólica, aquela cuja só podemos sentir através da boa música.
https://www.youtube.com/watch?v=hChTf12UjBQ

9. Ensimesmamento - Fazendo submergir o desejo de se voltar para dentro, de repensar na própria existência, esta banda coloca o ouvinte diante de seu Eu perdido na escuridão da vida. Confrontando a si mesmo, o indivíduo precisa arquitetar um plano contra as suas mazelas mais profundas, tentando gerar meios de manipulação dessas formas para que se possa produzir uma transformação mínima ao seu redor, suficiente para que a sua dor oprima um pouco menos e, em consequência, lhe permita mais frequentes e folgados ensimesmamentos. Formada por Astratta e Thy Despair, esta banda traz a crueza do sofrimento em conjunto com a filosofia.
https://ensimesmamento.bandcamp.com/

10. Syrgja - Quando sua visão se turva diante da miséria cotidiana, do ódio por ser abandonado em meio às noites de amarguras e dias de total pesar, você precisa regurgitar isto de alguma forma, e Skáld faz isso nesta banda formada unicamente por ele. Percorrendo o Depressive Rock/Narcotic Metal, Syrgja, termo para "luto", é originária do Condado da Värmland, Suécia, terra de muitas bandas que, ao longo dos anos, vêm abordando a desolação em meio ao concreto da vida urbana.
https://syrgja.bandcamp.com/

11. Cold Bleeding - A melancolia presente na natureza e em suas belas e sombrias paisagens se aprofundam com a sonoridade crua e minimalista desse projeto de um homem só, formado na Rússia, que empresta seus vocais carregados de dor e desespero refletindo, de forma pura, a solidão inerente a todo ser humano.
https://coldbleeding.bandcamp.com/

12. Gilles de Rais - Penetrando nas profundezas do sofrimento humano, carregada de fúria e desespero, essa banda formada em Catalunha, Espanha, evidencia o desprezo pela vida, pela sociedade e por toda escória humana que rasteja pela superfície terrestre.
https://gillesderais.bandcamp.com/

13. To Dwell in Longing - Riffs congelantes exalando a morosidade da vida que paralisa diante da ausência de calor, linhas de baixo e bateria se arrastando em meio aos vocais de pranto e pesar pela existência, são trazidos à tona com essa banda estadunidense formada por Armorer.
https://todwellinlonging.bandcamp.com/

14. Antissocial - Percorrendo elementos do Depressive Black Metal e Depressive Rock,sonoridade desta banda prende o ouvinte com as pulsantes e enfáticas levadas de bateria e riffs hipnotizantes de guitarra, ao fundo. Os vocais expressam a angústia confinada no âmago do ser mas se mantém sem distorções, o que permite ao ouvinte acompanhar a parte lírica. 
https://antissocial.bandcamp.com/

15. Apricitas - Vocais extremamente desesperados evocando dor, fúria e aversão pela própria existência se mesclam a uma instrumentação rápida sem perder os fragmentos de melancolia. Formada por membros estadunidenses residindo em cidades distintas, Nova York e Califórnia, essa banda é a expressão máxima de emoções à flor da pele.
https://apricitas.bandcamp.com/

16. The Ember, the Ash - Banda canadense, mais precisamente de Ontário, carregada de uma atmosfera tomada pela mais sufocante escuridão. Os vocais se aprofundam de tal forma que o clamor pelo fim da dor é palpável. Os instrumentos se unem de forma singular resultando numa orquestração fria, depressiva e remetendo a uma desolação interminável.
https://theembertheash.bandcamp.com/

17. Solidão - Violentas e dolorosas melodias dando vazão às emoções enraizadas nos confins da vida são vociferadas por esta banda brasileira. Com Ose Agares nos vocais e Solfieri Süskind Angst nos instrumental, a banda manifesta com precisão o sentimento desolador que assola a existência humana e a nomeia.
https://solidaodsbm.bandcamp.com/

18. Asahara - Oscilando entre uma crua névoa e uma profunda hibernação interior, essa banda estadunidense traz a pureza do Metal Negro Depressivo Suicida, remontando bandas da década de 2000, com riffs de guitarra minimalistas, vocais urrantes e imersos em intensa obscuridade aliadas às letras que exalam o pavor pela existência.
https://asaharabm.bandcamp.com/

19. Illarith - Formada inicialmente como um projeto de Dungeon Synth em abril, a banda mudou no mês de agosto para o Depressive Black Metal com elementos de Dark Ambient. Sonoridade mórbida com vocais soterrados em agonia são expressos no EP de estréia.
https://illarith.bandcamp.com/

20. Abyssal Pain - Formada em Angra dos Reis por Serotonin, essa banda brasileira surge dosando linhas acústicas com riffs minimalistas de guitarra, bateria cadenciada e vocais impetuosos, falando da dor que ultrapassa o indivíduo e o conduz ao enterro de suas próprias esperanças, chegando a conclusão de que o inverno, trazendo o mais denso frio, ainda é o mais aquecedor que ele poderá sentir diante da interminável nevasca que congela suas emoções e sentimentos e tudo o mais dentro de si.
https://soundcloud.com/abyssal-pain/

21. Alivium - A força de vocais femininos estão bastante presentes em bandas de DSBM, atualmente. Esta é um exemplo de furor mesclado com desolação em meio a uma sonoridade crua, densa e que exalta a aspereza encontrada na rotina humana. Formada por Das Irrlicht e Daemon Saiph, é uma das bandas promissoras do ano e que, certamente, logo lançará um material mais amplo carregado das características já expressadas na canção de estréia. 
https://www.youtube.com/watch?v=fGub8Nz5Q5E

22. Sørgmodig - DSBM instrumental não é novidade dentro do subgênero mas esta banda brasileira traz originalidade. Dosando melodias suaves com uma bela melancolia, ela ilustra paisagens visuais no ouvinte. É como se uma viagem por bosques cinzentos, que abrigam apenas aquelas pessoas que estão saturadas de uma vida sufocante em meio às paredes de concretos urbanas, tivesse início.
https://soundcloud.com/henrique-cruz-912464256/sorgmodig-dod